Quem a paca cara compra, paca cara pagará. Ou pagará a paca cara quem a paca cara compra?
Recentemente discutimos sobre o significado da palavra “cultura” em sala de aula, entrevistamos algumas pessoas sobre o que elas entendiam do referido termo. A conclusão final após as leituras obtidas dos conceitos que cada um nos forneceu, foi que, no senso comum entende-se cultura como expressão sinônima de educação e de capital escolar. Numa outra definição apareciam os termos “manifestações artísticas”. Ora, à parte do senso comum afirma-se numa concepção antropológica, que “cultura é toda forma de conhecimento que o homem produziu e acumulou através do tempo”. Nesse aspecto, pode-se ter uma cultura material, e outra imaterial, sendo a primeira, aquilo que se percebe materializado, visível, mas, contudo dependente do imaterial, ou seja, da subjetividade do imaterial para a objetividade do material.
Cultura, como sinônimo de alta capacidade cognitiva, de capital escolar e mesmo de inteligência, estabelece princípios que marginalizam e segregam aqueles com menos treinamento intelectual, isso por vários fatores, entre os quais, a falta de recursos financeiros. Outro dia, numa aula de língua portuguesa, estudavam-se os gêneros textuais, e ao questionar-se sobre qual categoria se encontra a literatura de cordel, a professora não consegue dar uma resposta satisfatória, pois a única obtida classifica- o com a simplista expressão de “categoria popular”, e nada mais. Demonstra-se aqui, talvez não intencionalmente, certo desprezo pelas representações da “cultura popular” em contraponto a chamada “cultura erudita”, refinada, e de certa forma, o peso aferidor pelo qual se estabelece as “diferenças”. Afinal, parece ser este o termo chave, onde se materializa a segregação em todos os seus aspectos, onde o diferente é visto como anormal, sendo preciso à realização de certo “proselitismo cultural” única forma possível de “salvação dessas pobres e ignorantes almas”.
Dessa forma, discrimina-se a chamada “cultura popular”, não levando em consideração o peso das diferenças que constitui certa miscelânea cultural responsável pela construção do chamado “jeitinho brasileiro”, ora, esse é o Brasil maroto, diversificado, gostoso, por conta dos vários sabores encontrados do Oiapoque ao Chuí, nesse panelaço cultural brasileiro. Aliás, ameaçado pela cultura universal imperialista, enlatada e consumida insaciavelmente no pretexto de nutrir a uniformidade global supostamente necessária.
Portanto, qual seria o preço que dispomos a pagar pelos louros da globalização? Seria submeter-nos a um projeto civilizacional de aculturação em nível global? A história se repete, onde o mesmo projeto colocado em voga desde os tempos das grandes navegações fora responsável pela destruição de muitos povos e suas culturas nativas, onde os “descobrimentos” se tornam “encobrimentos” dos traços delineadores dos povos conquistados.
Enfim, tudo isso poderia ser parafraseado com as palavras do poeta, Cego Aderaldo, em peleja com Zé pretinho, na literatura de cordel, onde, um trava língua é responsável pela vitoria do cego.
Cultura, como sinônimo de alta capacidade cognitiva, de capital escolar e mesmo de inteligência, estabelece princípios que marginalizam e segregam aqueles com menos treinamento intelectual, isso por vários fatores, entre os quais, a falta de recursos financeiros. Outro dia, numa aula de língua portuguesa, estudavam-se os gêneros textuais, e ao questionar-se sobre qual categoria se encontra a literatura de cordel, a professora não consegue dar uma resposta satisfatória, pois a única obtida classifica- o com a simplista expressão de “categoria popular”, e nada mais. Demonstra-se aqui, talvez não intencionalmente, certo desprezo pelas representações da “cultura popular” em contraponto a chamada “cultura erudita”, refinada, e de certa forma, o peso aferidor pelo qual se estabelece as “diferenças”. Afinal, parece ser este o termo chave, onde se materializa a segregação em todos os seus aspectos, onde o diferente é visto como anormal, sendo preciso à realização de certo “proselitismo cultural” única forma possível de “salvação dessas pobres e ignorantes almas”.
Dessa forma, discrimina-se a chamada “cultura popular”, não levando em consideração o peso das diferenças que constitui certa miscelânea cultural responsável pela construção do chamado “jeitinho brasileiro”, ora, esse é o Brasil maroto, diversificado, gostoso, por conta dos vários sabores encontrados do Oiapoque ao Chuí, nesse panelaço cultural brasileiro. Aliás, ameaçado pela cultura universal imperialista, enlatada e consumida insaciavelmente no pretexto de nutrir a uniformidade global supostamente necessária.
Portanto, qual seria o preço que dispomos a pagar pelos louros da globalização? Seria submeter-nos a um projeto civilizacional de aculturação em nível global? A história se repete, onde o mesmo projeto colocado em voga desde os tempos das grandes navegações fora responsável pela destruição de muitos povos e suas culturas nativas, onde os “descobrimentos” se tornam “encobrimentos” dos traços delineadores dos povos conquistados.
Enfim, tudo isso poderia ser parafraseado com as palavras do poeta, Cego Aderaldo, em peleja com Zé pretinho, na literatura de cordel, onde, um trava língua é responsável pela vitoria do cego.
Zé pretinho é obrigado a pagar grande preço pela arriscada resposta mal pronunciada.
— Amigo José Pretinho,
Eu nem sei o que será
De você depois da luta
— Você vencido já está!
Quem a paca cara compra
Paca cara pagará!
P.
— Cego, eu estou apertado,
Que só um pinto no ovo!
Estás cantando aprumado
E satisfazendo o povo
— Mas esse tema da paca,
Por favor, diga de novo!
C.
— Disse uma vez, digo dez
— No cantar não tenho pompa!
Presentemente, não acho
Quem o meu mapa me rompa
— Paca cara pagará,
Quem a paca cara compra!
P.
— Cego, teu peito é de aço
— Foi bom ferreiro que fez
— Pensei que cego não tinha
No verso tal rapidez!
Cego, se não é maçada,
Repete a paca outra vez!
C.
— Arre! Que tanta pergunta
Desse preto capivara!
Não há quem cuspa pra cima,
Que não lhe caia na cara
— Quem a paca cara compra
Pagará a paca cara!
P.
— Agora, cego, me ouça:
Cantarei a paca já
— Tema assim é um borrego
No bico de um carcará!
Quem a caca cara compra,
Caca caca cacará! ”.
Eu nem sei o que será
De você depois da luta
— Você vencido já está!
Quem a paca cara compra
Paca cara pagará!
P.
— Cego, eu estou apertado,
Que só um pinto no ovo!
Estás cantando aprumado
E satisfazendo o povo
— Mas esse tema da paca,
Por favor, diga de novo!
C.
— Disse uma vez, digo dez
— No cantar não tenho pompa!
Presentemente, não acho
Quem o meu mapa me rompa
— Paca cara pagará,
Quem a paca cara compra!
P.
— Cego, teu peito é de aço
— Foi bom ferreiro que fez
— Pensei que cego não tinha
No verso tal rapidez!
Cego, se não é maçada,
Repete a paca outra vez!
C.
— Arre! Que tanta pergunta
Desse preto capivara!
Não há quem cuspa pra cima,
Que não lhe caia na cara
— Quem a paca cara compra
Pagará a paca cara!
P.
— Agora, cego, me ouça:
Cantarei a paca já
— Tema assim é um borrego
No bico de um carcará!
Quem a caca cara compra,
Caca caca cacará! ”.
Assim, esse jeito brasileiro de ser, poderá garantir também a sobrevivência de nossos valores, “como um trava línguas cultural”, isso se haver conscientemente o resgate e a preservação de nossa “cultura popular”.
Fábio de sousa neto.
Goiânia- go, 2010/2
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